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“Recuperação do ICMS não deve seguir ritmo de retomada da economia”, diz Lobato

12 de julho de 2017 Notícia

“Recuperação do ICMS não deve seguir ritmo de retomada da economia”, diz Lobato

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Em entrevista ao Diário Comércio Indústria & Serviços (DCI) desta quarta (12), o diretor de Assuntos Estratégicos e Comunicação, José Roberto Lobato, afirmou que a recuperação da receita com ICMS não deve seguir o mesmo ritmo de retomada do crescimento. Acesse a entrevista

Isso acontece porque a complexidade evidente do ICMS inibe o potencial arrecadatório do imposto. “Os estados e os municípios estão perdendo força dentro da federação. Os diversos benefícios fiscais que foram concedidos ao longo dos anos estão solapando a base de tributação do ICMS”, comenta Lobato.

O resultado é a nítida contração das transferências estaduais de parte da receita aos municípios. “Este repasse é linear, é um percentual fixo da arrecadação estadual do ICMS. Portanto, quando esta receita cai, a transferência aos municípios também diminui”.

Para reverter esse cenário, a saída seria apostar em uma reforma tributária ampla e de qualidade. “A previsão é de que, mesmo que haja recuperação econômica, o nível de receita do imposto estadual não suba a ponto de atingir os índices anteriores”, falou o diretor durante entrevista.

Entrevista foi capa do Diário Comércio Indústria & Serviços (DCI), jornal especializado em assuntos econômicos.

Confira texto na íntegra divulgado pelo DCI:

Transferências de ICMS às capitais registram diminuição há quatro anos

Crise econômica do País derrubou os repasses às prefeituras e a expectativa é de que estes não se recuperem no mesmo ritmo da retomada da atividade, por conta das distorções do imposto

*Paula Salati

São Paulo – Os repasses estaduais do Imposto sobre a Circulação de Bens e Serviços (ICMS) às principais cidades do País vêm caindo há quatro anos, diante dos efeitos da crise econômica iniciada em meados de 2014.

A recuperação dessas transferências, no entanto, pode não ocorrer no mesmo ritmo de retomada da atividade, dado os problemas estruturais do próprio tributo.

Entre os meses de janeiro a abril de 2017, os repasses de ICMS a 24 capitais brasileiras foram de R$ 6,2 bilhões, valor 6% menor, em termos reais (descontada a inflação), do que o apurado no mesmo período de 2016.

No ano de 2014, quando essa transferência começou a recuar, a receita direcionada para as 24 cidades teve queda de 2,1% (para R$ 7,5 bilhões), chegando a diminuir mais 6,4% e 7% nos anos de 2015 e 2016, para R$ 7 bilhões e R$ 6,5 bilhões, respectivamente, na mesma base de comparação. As informações são do portal Compara Brasil, uma iniciativa da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e da Aequus Consultoria.

O diretor de Assuntos Estratégicos e Comunicação da Associação dos Agentes Fiscais de Rendas do Estado de São Paulo (Afresp), José Roberto Soares Lobato, avalia que a retração das transferências estaduais é um “produto direto da crise econômica”. “Este repasse é linear, é um percentual fixo da arrecadação estadual do ICMS. Portanto, quando esta receita cai, a transferência aos municípios também diminui”, diz Lobato.

Em três anos, a arrecadação de ICMS dos estados recuou 7%, para R$ 138 bilhões, para os períodos de janeiro a abril.

Porém, o especialista pontua que a recuperação da arrecadação do tributo estadual não deve ocorrer no mesmo ritmo de retomada da economia e nem avançar nos mesmos patamares anteriores à crise.

Para Lobato, a distorção e a complexidade crescentes do ICMS estão retirando o potencial arrecadatório do imposto. “Os estados e os municípios estão perdendo força dentro da federação. Os diversos benefícios fiscais que foram concedidos ao longo dos anos estão solapando a base de tributação do ICMS”, comenta o representante da Afresp.

“A previsão é de que, mesmo que haja recuperação econômica, o nível de receita do imposto estadual não suba a ponto de atingir os índices anteriores”, completa Lobato, defendendo a importância de uma reforma tributária para a retomada da arrecadação.

Segundo dados do projeto da reforma tributária do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), as distorções do atual modelo de impostos geraram, até o momento, uma renúncia fiscal de R$ 500 bilhões, sonegação de R$ 460 bilhões, um contencioso tributário de R$ 2 trilhões e uma dívida ativa de R$ 3 trilhões. Hauly pretende enviar a proposta para a votação do Congresso Nacional entre agosto e setembro.

Já para José Luis Pagnussat, do Conselho Federal de Economia (Cofecon), enquanto, no curto prazo, não há muitas formas de recuperar as receitas estadual e municipal, por conta da fraca atividade, no médio prazo, a urgência será rever o pacto federativo, de maneira a distribuir de “forma mais equilibrada” a arrecadação entre as três esferas de governo.

“É preciso fortalecer os estados e os municípios em relação ao governo federal para que possam viabilizar políticas públicas”, diz Pagnussat.

Fundo de participação

Enquanto a transferência estadual para os municípios está caindo, os repasses do governo federal estão aumentando, na esteira do avanço da arrecadação do Imposto de Renda (IR). De janeiro a maio deste ano, este tributo cresceu 2%, para R$ 158 bilhões, contra igual período de 2016.

O Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é composto pelo IR e pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), totaliza R$ 53,345 bilhões no acumulado do ano até o dia 10 de julho, o que corresponde a um aumento real de 7,28% em relação ao valor transferido às prefeituras no mesmo período de 2016. Somente nos primeiros dez dias de julho, esta alta é de 8,04%, para R$ 2,395 bilhões, levando em conta os efeitos da inflação, mostram informações da Confederação Nacional de Municípios (CNM). A entidade ressalta, contudo, que o comportamento dos repasses no segundo semestre deve ser inferior aos resultados obtidos nos primeiros meses do ano.

 


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